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quinta-feira, 16 de junho de 2016

Aminoácidos e L-arginina



Aminoácidos
As proteínas são macromoléculas que possuem múltiplas funções no organismo, como o transporte de nutrientes, armazenamento de nutrientes, defesa, regulação, produção enzimática, motilidade e construção muscular. A nomenclatura dos aminoácidos é precedida pela letra L em referência à sua capacidade de girar o plano da luz polarizada para o lado esquerdo, revelando a posição do carbono central em relação aos grupos amino e carboxila.
Existem 20 aminoácidos comuns e proteicos, classificados como essenciais e não essenciais.
Todos os suplementos proteicos devem ser ingeridos longe dos horários das refeições, pois, quando absorvidos com outros aminoácidos dietéticos, os suplementos são direcionados para a rota de síntese e transaminação devido aos hormônios liberados na presença de carboidratos e lipídeos dietéticos, perdendo, assim, as suas funções como precursores e/ou cofatores de reações metabólicas.
Caso o objetivo seja suprir o organismo com proteína, o adequado é que a proteína venha acompanhada de um carboidrato, pois este estimula a resposta insulínica, melhorando a entrada de aminoácidos nos tecidos.
Os aminoácidos, como leucina e isoleucina, ativam o uso da glicose muscular e os estoques de glicogênio independente de insulina.
Ressalta-se que a adição de carboidrato no suplemento pode aumentar a razão de síntese de glicogênio no músculo.
O processo de digestão e absorção de suplementos de proteínas e aminoácidos depende de modificações físicas, como a mastigação, peristaltismo e agentes químicos como o ácido clorídrico e enzimas, sendo que, além desses componentes, a disbiose intestinal interfere na digestão e absorção, mesmo de aminoácidos livres.
A absorção dos aminoácidos é realizada através de transportadoras de borda em escova e basolateral. O processo transcelular sódio dependente faz a absorção de aminoácidos, como a glutamina, glicina e aminoácidos neutros. Os transportadores de sódio independente transportam aminoácidos ramificados, como lisina, alanina, serina e cisteína.
O uso de suplementos proteicos e de aminoácidos deve ser feito com cuidado, uma vez que pode acarretar uma sobrecarga de nitrogênio. Isso porque, no processo de degradação oxidativa de aminoácidos, há origem do esqueleto carbônico que é redirecionado para o ciclo do óxido nítrico. Além disso, a produção de amônia pelo processo de degradação é muito tóxica, podendo ser destoxificada no fígado pelo ciclo da ureia e eliminada em seguida pela via renal, sendo por esse motivo, a suplementação proteica contraindicada em hepatopatas e pacientes renais.
L-arginina
A L-arginina é um aminoácido condicionalmente essencial, ou seja, tem status de indispensável em períodos específicos, como, por exemplo, o período neonatal. Possui carga positiva em pH neutro e uma das cadeias laterais mais longas, quando comparada a outros aminoácidos.
A arginina é precursora de óxido nítrico, cujas principais propriedades são antioxidantes, antiproliferativas, anti-inflamatórias, cardioprotetora e anti-hipertensiva. Todavia, a suplementação excessiva de arginina pode aumentar a produção de óxido nítrico induzível, ocasionando um efeito contrário, como vasoconstrição e elevação da pressão arterial.
Estudos recentes mostram que a desregulação na atividade das enzimas óxido nítrico sintase e arginase levam a múltiplas disfunções endoteliais e doenças cardiovasculares. As dietas aterogênicas, especialmente as ricas em colesterol, causam uma disruptura sistêmica no metabolismo de arginina através de alterações generalizadas na atividade da arginase e metabolismo de arginina, havendo diminuição da biodisponibilidade do aminoácido.
A concentração de L-arginina plasmática é dependente do equilíbrio complexo entre a síntese endógena e a ingestão alimentar, com a absorção celular e o metabolismo catabólico corporal.
Algumas pesquisas fazem referência à arginina em determinadas situações clínicas que veremos a seguir:
• Doenças cardiovasculares - a arginina promove a inibição da agregação plaquetária e regula o tônus vascular, a vasodilatação e o fluxo sanguíneo, reduzindo a pressão arterial;
• Reparação da função intestinal - no intestino, a L- arginina pode contribuir para a proliferação celular, limitar a resposta inflamatória e a apoptose, prevenindo lesões intestinais;
• Asma - alguns derivados da arginina, como o óxido nítrico e a ornitina, estão relacionados com a resposta inflamatória do tônus das vias respiratórias. Sabe-se que, na asma, ocorrem alterações no metabolismo da L-arginina resultante do aumento da competição entre as enzimas arginase e óxido nítrico sintase pelo mesmo substrato;
• Carcinogênese - uma vez que a arginina é precursora de óxido nítrico, ela se envolve com o processo da carcinogênese, promovendo a apoptose e o reparo de DNA, reduzindo a formação de células tumorais, regulando o afastamento de células metastáticas da microvasculatura de órgãos e sensibiliza células tumorais para compostos quimioterápicos, além de agir contra a progressão e/ou metástase de tumores malignos;
• Anabolismo muscular - estudos sugerem que a arginina promove o aumento da síntese de proteína muscular devido ao seu potencial de estimular a liberação do hormônio de crescimento da glândula ptuitária;
• Cicatrização de feridas e pós-cirúrgico - a L-arginina apresenta capacidade imunoestimulatória e timotrófica, atuando como precursora de prolina e hidroxiprolina, necessárias para a síntese de colágeno, aumento da cicatrização, melhora da resposta imune e aumento da sobrevida;
• Obesidade - evidências recentes mostram que a suplementação dietética de L-arginina reduz a adiposidade, uma vez que esta está envolvida com a disfunção no influxo de arginina. Estudos indicam que a L-arginina estimula a biogênese mitocondrial e o desenvolvimento do tecido adiposo marrom, além de aumentar a massa magra e promover a melhora do perfil metabólico;
• Anemia falciforme - a presença da anemia falciforme altera o metabolismo da arginina, diminuindo os níveis de óxido nítrico;
• Sistema imunológico - a arginina regula a resposta imune inata, a ativação de macrófagos, entre outros;
• Disfunção erétil - o processo de ereção está relacionado com a função endotelial, que pode ser melhorada pelo óxido nítrico;
• Sistema endócrino - a suplementação de arginina aumenta a secreção de GH, insulina e prolactina.

Fonte : Aurélio Tofani. Suplementação esportiva na prática clínica e esportiva. Entenda os conceitos da suplementação esportiva e bioquímica no esporte 2ª Edição2013.


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